2006-12-29

: )

Mais um Natal se passou, desta vez em terras mouras (leia-se algures abaixo do Rio Douro). Não é normal passa-lo fora de "Portogal", mas senão tivesse sido esse o caso, iria perder uma das mais fantásticas vistas que já tive sobre esta pequena fronteira imaginária de que muitos falam. Sim, eu sei que o sol parece tudo menos um sol (ou parece-se demasiado), mas o comboio não para e o tempo foi curto...


(bonito, foi saborear o momento, mas já se fica com uma pequena ideia, e recordação)

2006-12-11

Sombras...

É incrível como elas nos perseguem dia após dia mesmo quando se pensa que ficaram para traz: ou porque nos voltam a relembrar, ou porque teimam em nos atirar o passado à cara... Independentemente do que se faça, do que se mostre, do que se construa, há sempre alguém que vem e nos atira com mais uma pedra que já se pensava perdida. É triste, ainda mais de quando é de quem se esperaria mais apoio.
Mas, estamos na época natalícia, há que por o sorriso na cara e esquecer... pelo menos até Dezembro acabar...

2006-11-13

Curtas

Hoje, vou deixar algo diferente por aqui. Tal como o nome indica, são curtas, mais propriamente duas, e com algum sentido de ironia, este não vai ser um texto curto. Se algum dia saírem do papel e se este cantinho ainda existir, talvez e apenas talvez (pois podem calhar muito mal) as deixe por aqui...


Bar ( ~ 3, 4 minutos)

Um pequeno bar como outros tantos. Alguma classe, admito. O som de um “slow jazz” entoa pelo ar. Talvez dê uma ideia do aspecto dele, talvez não. Ao balcão encontra-se uma mulher de vestido vermelho. Aquele tipo de mulher que só se vê uma vez na vida, e que mesmo dessa vez, se fica a pensar se realmente se viu ou se apenas foi um sonho...
Um sujeito entra no bar. Pelo aspecto, diria que não vem cá muitas vezes. Alias, tem um aspecto um pouco tosco, inseguro talvez. Repara nela. Olha como se fosse um daqueles momentos de um filme: a mão a passar lentamente pelos cabelos descontraídos... o olhar inocente para um nada no meio de um tudo...
Volta a si. Aproxima-se do balcão, senta-se ao lado dela, e pede um café. Não retira os olhos do balcão. Quer olhar para ela mas não consegue. A timidez não o deixa. Olha agora para a chávena. Deita o açúcar, começa a mexer. Antes de pegar nela, deita um pequeno olhar escondido para a moça... bebe o café sem hesitar.
Uma tontura toma-lhe conta da mente. Expira calmamente, põe-se confortável e olha para o lado. Não diria que uma mulher daquelas olha-se para ele, mas aquela mudança de postura deixou-lhe alguma inquietação.
Numa voz firme, sem receios, sem medo, sem hesitação, ele começou a falar.
- Dizem que as flores são belas numa tarde resplandecente de primavera e mesmo assim a tua beleza as ofusca. Nem a suavidade da pétala da rosa se consegue equiparar à doçura do teu olhar...
Ela ouve-o... o espanto de tais palavras não chegam para esconder o discreto sorriso que a pouco e pouco se vai esboçando no rosto.
- ... nos teus cabelos percorro com a alegria de criança numa tarde de Outono de sol dourado, dos tons castanhos das doces espigas de... de...
A tontura... a mesma que lhe tinha dado de inicio, mas mais forte. As últimas palavras entoavam na cabeça como se tratassem de sinos de uma igreja a tocar.
- Sim?, perguntou ela de voz suave e olhos brilhantes à espera que ele terminasse.
Meio desorientado, olha para ela, ainda sem saber bem o que se acaba de passar e no seu jeito desajeitado e ainda com o eco na mente, apenas lhe sai:
- Queres ver a minha espiga de milho?
A musica para abruptamente.
Um colossal estalo voa na direcção dele atirando-o do banco abaixo. Ela levanta-se e sai sem mais olhar para ele, como se não estivesse ali. Sentado no chão, de ar desanimado, deita a mão à cara dorida enquanto a outra mão, retira do casaco, uma pequena e dourada espiga de milho.
Olho para ele ao mesmo tempo que esboço um sorriso e um abano de cabeça... olho para o café moído. O sorriso acentua-se, assim como o abano... recolho a chávena e passo o pano no balcão.



Eu disse que ia deixar duas, mas se calhar deixo apenas esta. A outra é mais pequena mas ao contrário desta, não é bem cómica... mais séria, pensativa... daqui a uns dias.

PS: Para aqueles que ainda tiveram a pequena esperança que os minutos fossem os minutos de leitura, guardem-na, pois vão ser os minutos da curta... assim o espero

2006-11-06

Estupidamente contente

À falta de melhores palavras para descrever este meu estranho estado de espírito em que me encontro (e o dia começou mal com a preguiça a manter-me na cama por mais tempo do que devia como de costume) vou tentar descreve-lo:
Sinto-me com vontade de ir la fora e gritar bem alto gosto de ti... sinto-me com vontade de abraçar os meus irmãos até eles não aguentarem mais... sinto-me com vontade de comer gelado ao som da chuva... com vontade de a sentir a cair-me no rosto enquanto olho as estrelas... sinto-me com vontade de dançar, correr, pinchar até não poder mais... sinto-me com vontade de sorrir sem razão aparente...
Enfim, sinto-me contente, estupidamente contente... um final diferente em mais um dia normal.

2006-11-02

Sinais de vida

Talvez seja apenas por coincidência mas aquela linha que balanceia de um lado para o outro que tecnicamente representa o batimento cardíaco, os nossos sinais de vida, também poderia muito bem representar a vida de cada um: com altos e baixos, mais apressada, mais suave, mais ordenada, mais irregular... E se por acaso a vida começa a parar, a ficar monótona, a não ir nem para um lado nem para o outro, sentimo-nos a desaparecer... Coincidência ou não, quando aquela linha começa a parar, sem ir para um lado ou para o outro, também nos sentimos a desaparecer... Deixemos essas linhas para os cadernos e afins.

2006-10-24

rrr...

Rebolo para um lado, rebolo para o outro, ligo o rádio, desligo o rádio, volto a rebolar... Pela mente passam-me inúmeros pensamentos, inúmeras questões... Um deles sobressai-se. Incomoda-me neste momento em que apenas quero dormir... apenas quero voltar a adormecer.
Levanto-me, bebo um pouco de água. Erro meu. Ligo o monitor, outro erro cometido. O sono não aparece. Um teimoso e pequenino pensamento continua a vaguear pelos cantos da casa, pelo silêncio irrompido pela ventilação deste computador. Maldito sono que não vêm. De certeza que só vai aparecer quando já não for preciso, o costume.
Deito as culpas na cafeína... aquela malandra que vêm dentro duma chavena engraçada a acompanhar o jornal. Mas la no fundo sei que não é disso.
Conflito com a mente que teima em contrariar... por agora, nada a fazer, a não ser tentar adormecer...

2006-10-15

2006-10-07

Era uma vez...

"Era uma vez um pintainho, e o dono desse pintainho gostava muito do pintainho. Então, dava-lhe de comer todos os dias. Até que o pintainho engordou, engordou e não conseguia sair pela porta e ficou preso. O dono do pintainho tentou puxa-lo mas não conseguiu. Então, pegou num isqueiro e pegou fogo à casa do pintainho e o pintainho ficou todo chamuscado. O dono do pintainho comeu um bocado e viu que era bom! Então, cortou o pintainho às fatias e guardou algumas na despensa e comeu o resto. O pai do pintainho foi à despensa o dono do pintainho e viu o pintainho cortado aos bocados. Então o pai do pintainho matou o dono do pintainho e comeu-o e viveu feliz para sempre."

"Era uma vez um rapaz e uma rapariga no meio de tantos outros rapazes e raparigas que viajavam numa camioneta. Ele, contou uma história a ela e mais algumas vezes aos outros rapazes e raparigas que iam à beira. Confirmou-se o seu lado tolo, meio trengo, aquele lado a que todos estavam habituados a ver nele. Observei-o. Reparei que no meio dos risos de alguns, do nojo de outros por aquela história, para aquele rapaz, a tolice proferida foi apenas mais uma tolice como tantas outras. Fiquei curioso e continuei a observar. Ao principio não percebi, mas no final da viajem encontrei a minha resposta no olhar daquele rapaz, na ternura e carinho com que observara e acariciara a face, os cabelos da rapariga.
Poucos foram os que se aperceberam, mas naquele dia, aquele rapaz mostrou mais de si do que no dia a dia, do que se ele próprio tentasse mostrar, tanto pelas suas palavras como pelos seus gestos… Pensei que o fosse invejar, mas dei por mim contente por também me ter apercebido de quem aquele rapaz era.”



Pediram-me que deixa-se aqui aquela história que nós ouvimos e acabei por deixar também uma outra história que vimos… Como diria alguém de uma livraria: “temos histórias para todos os gostos”. O pequeno blog ainda não chegou a isso, mas vai caminhando para lá…

2006-09-30

← ↓ vida ↑ →

Por que lado, por que caminho, tantas opções, tantas escolhas, todas vão dar a sítios diferentes, todas vão dar à mesma questão: O que faço eu aqui?

Desde que tomamos consciência de que existe um “eu” que nos começamos a perguntar quem é este “eu” e que faz ele aqui. Crescemos, vivemos, estudamos, trabalhamos para sermos melhor, para nossa realização pessoal, para nos sentirmos bem, por necessidade, mas a duvida continua a persistir: Que faço eu aqui neste mundo? Porquê é que aqui estou? Qual o sentido de tudo isto?
Estas perguntas intrigaram-me a primeira vez que tive contacto com a filosofia. Nessa altura, estava no 11º, e lembro-me que aquela mulher que ali estava a dar a aula disse-nos, quase que num tom de ironia, que podíamos não estar a ligar para nada do que ela dizia, mas que nos iríamos questionar e a resposta, teríamos que ser nós a encontra-la. Na altura, não entendi bem o que queria ela dizer com isso...

Acredito que tenho uma resposta, acredito na resposta que tenho, mas penso se mesmo assim alguma vez deixarei de me perguntar porque estou aqui… Afinal de contas, não vivemos para sempre e a maneira como agimos irá marcar aqueles que nos conhecem, mas mesmo esses desaparecerão um dia… mesmo os grandes monumentos são efémeros.

Porque estou aqui? Quem nunca se questionou que se questione, quem já se questionou que volte a questionar-se. A resposta será aquilo em que realmente acreditarmos, ainda que possamos levar uma eternidade a descobri-la…

2006-09-14

Penso demais

Existem inúmeras situações para se começar a pensar: quando não se tem nada que fazer (como é o caso neste momento), quando nos deparamos com um problema, quando lemos, vemos ou ouvimos algo, quando temos alguma ideia, quando simplesmente lembramo-nos de pensar...
Anteontem disseram-me algo em que fiquei a pensar. Não foi filósofo, nem sequer alguma ideia, mas simplesmente uma informação sobre algo que se passava. Até aqui nada de especial, mas o tempo em que aquela frase ficou a entoar-me pelos cantos da mente, demasiado tempo para o que tinha ouvido, levou-me a pensar na razão para tal estar a acontecer.

Coincidência ou não, visitei um cantinho azul, que tal como este, vagueia pelos bits e bytes deste emaranhado digital, cujos últimos “posts” me chamaram a atenção. Claro, que sobre o assunto lá descrito (como diria um amigo meu: lamechices), tive que deixar a “piadinha do costume” ou não fosse eu quem sou, mas deixou-me igualmente a pensar... Não foi a solução, mas talvez a resposta para uma equação da qual só tenho uma variável de outras tanto que desconheço...

Não gosto de ficar assim preso a um pensamento que a meu ver não deveria de estar tão latente como está... talvez o saber porquê e não o querer aceitar, talvez o não saber mesmo...


Sinto-me como se caminha-se para a luz ao fundo do túnel... o problema é que as vezes dou por mim parado a olhar para uma das lâmpadas que estão no tecto. Há que retomar a caminhada...

2006-09-08

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...

... Muda-se o ser, muda-se a confiança.
Todo o mundo é composto de mudança”
Fernando Pessoa

Vivemos num mundo de mudança e como tal as coisas mudam, não porque exista algo melhor mas porque existe uma necessidade inerente ao ser humano de mudar.
Vendo isto, lá dei algumas asas à imaginação e mudei a imagem que estava aqui. Será melhor que a anterior? Sinceramente não sei e ainda penso se ela se encaixa aqui... Tem algo que me intriga. Talvez a frase acrescentada esteja a mais, mas sem ela fica demasiado vazio. Talvez peça outra frase mas é como se dissesse que as folhas não pertencem às árvores. Muito directa, demasiado filosófica, incompleta com o propósito de deixar a pensar no que encontrar, no que amar... um minuto, um momento, um pedaço de tempo, não interessa o quanto mas que ele simplesmente acontece...

Demasiado comercial... penso se não será isto que ando à procura para definir a minha intriga. Olho para a imagem e parece que fico à espera de ouvir algo e de aparecer já com tudo preto e num cantinho, escondido mas não imperceptível: “Swatch”.
Já são muitos anos a absorver a cultura televisiva... ao fim de meses de anúncios, as influências agarram-nos apesar de não nos apercebermos delas.

Recentemente anda a passar um anúncio de uma seguradora estrangeira que me deixou, não direi estupefacto, mas quase. Vemos um mundo em que tudo muda num curto espaço de tempo... uma loja de roupa transforma-se num restaurante em poucos segundos, os placares mudam num piscar de olhos, os carros movem-se como que pessoas a andar por um passeio... achei o conceito simplesmente fantástico, especialmente o da loja.
E isto faz-me voltar ao princípio do texto... mudança... pergunto-me se este desejo, esta necessidade em mudar as coisas já está em nós ou se veio com esta sociedade sempre em movimento onde parar é apenas uma palavra desprovida de sentido.

O que realmente deveria de fazer intrigar as pessoas nem é o facto de se mudar mas o facto que as mudanças que fazemos seguem uma forma em espiral. Pensamos que mudamos, mas limitamo-nos a fazer algo semelhante ao que já fizemos no passado...

2006-08-06

Porquê?

Porquê com três pontinhos? Porque não com quatro ou apenas dois?
Porquê que ouvimos musica triste quando nos sentimos tristes? Porque não musica alegre para ficarmos alegres?
Porquê que é difícil apreciar algo simples quando temos todo o tempo necessário?
Porquê que custa mais dizer que se ama e menos dizer que se odeia?
Porquê que o que temos nunca é o suficiente? Porquê que repetimos a nós mesmos que chega se no fundo sabemos que não?
Porquê que pensamos no que não queremos? Porquê que dizermos que não queremos pensar naquilo que só desejamos reflectir?
Porquê que tentamos trocar o sentido das palavras? Porquê que nos custa admitir os nossos erros?
Porquê que não podemos todos viver em paz? Porquê que temos sempre que provocar aqueles que menos têm que nós? Porquê que temos sempre que provocar aqueles que têm mais que nós também?
Porquê que queremos partilhar algo com o mundo inteiro?
Porquê que passamos uma vida inteira à procura de respostas que estão mesmo à nossa frente?
Porquê que aceitamos as respostas que estão à nossa frente quando sabemos que não são verdadeiras?
Porquê que dizemos que numa certa idade é a idade dos porquês, se nunca vamos deixar de perguntar: porquê?

Porquê continuar a colocar questões sabendo que a resposta posso nunca a encontrar?
Porque apenas não sei...

2006-07-23

Escrever...

...e se é nisto que a maioria dos blogs se baseiam, na escrita de alguém e leitura dos demais, é também nisto que reside parte do problema de o querer manter. É preciso escrever para que haja leitura... para que nos deixemos levar nas palavras de outrem, para algum sítio onde já tenha estado, para algum pensamento partilhado ou simples ideia, para algo imaginável ou até real...
Mas torna-se difícil encontrar um tema em algo que não tem limites... Por mais bits e bytes que possa ter um computador, eles têm um começo e um fim, tornando-se possível encontrar o que quer que eles contenham, mas quando não se conhece os limites da procura, quando estes não existem, procurar torna-se numa jornada que só acaba não quando encontramos o que queremos, mas quando nos dá-mos por satisfeitos...

Hoje milhões de pessoas têm um blog ou um fotolog e para muitos não o ter é como não ter um relógio ou um telemóvel... E se é verdade que em muitos se aprende algo, noutros simplesmente passamos tempo. Mas há algo que me intriga sobre os conteúdos e os comentários... sobre se quem o produz está preocupado no que escreve, no que mostra, quase que para manter uma certa linha lógica que leve a que quem lê não sinta uma ruptura de tópico para tópico mas uma certa continuidade na maneira de pensar, falar, nos temas tratados, ou então, simplesmente falam sobre o seu dia a dia, sobre um dado tema como se cada tópico fosse um episódio de uma série sem ligação para o episódio anterior...
Por outro lado, temos quem lê e comenta... Pergunto-me se em inúmeros casos as pessoas lêem com olhos de ler, se reflectem sobre o que acabaram de ler, se pura e simplesmente têm alguma consciência para o que viram. Quantas vezes já não vi textos geniais sobre algo que deveria de deixar uma pessoa a pensar e logo a seguir, aparecem os mui originais comentários como “tu és linda, grande foto” ou “és mesmo linda, adoro-te” entre muitos outros idênticos... Como se costuma dizer: Qualquer semelhança é pura coincidência... mas a coincidência já está demasiado generalizada.

Comecei a escrever isto sem sabe sobre o que escrever... Podia ter falado do que se passa pelo Médio Oriente, podia ter falado das complicações e divagações da mente... Inúmeras coisas nas quais já há muito que venho a pensar, e falar de uma apenas torna-se difícil pois se por um lado estão ligadas, por outro são assuntos diferentes que requerem uma análise diferente...
Mas desse tipo de coisas, já temos a cabeça cheia pelo que se vai passando no dia a dia...
Fica então aqui, algures onde eu não sei, a minha intriga sobre o que eu próprio tento manter. No entanto, ainda me fica uma pergunta no ar: Será que as pessoas preferem ter um blog em que apareça muita gente e deixe respostas que bem poderiam ser retiradas de um livro “Repostas genéricas aos Blogs em 30 segundos”, ou preferem que seja apenas meia dúzia de pessoas a ver, mas que sabem que vão acabar por reflectir ou guardar algo do que leram e apenas comentam quando acharem necessário?...
Prefiro ficar-me pela segunda...

2006-06-20

Amigos...


Observo este mundo. Não há um dia onde não se veja violência nele... Não há um dia onde não se veja uma guerra no fundo da rua... um atentado na casa ao lado... assaltos, corrupção, mortes, mesmo no nosso quintal.
Leio o jornal... Tratados Humanos violados por países para os quais as suas leis neles se assentam mas que são usados sobre a velha frase “a justiça é para todos, mas é mais para uns do que para outros”... Conflitos sobre o poder do nuclear, sobre o poder político nele instaurado, sobre o poder psicológico das bombas actuais e das subjacentes a estas...
Podia pintar um quadro assim, mas não estaria a aproveitar todas as cores, toda a tela que disponho. Apesar de tudo há algo, que independente do nosso futuro e do que façamos com ele, independente das nações, dos reis e governantes, há algo que ficará para sempre enquanto existirmos: a amizade. A amizade que une duas pessoas, um grupo de amigos...
Podia falar do amor, mas existem tantas formas dele que é quase impossível defini-lo... além disso, nem sempre encontramos aquilo a que chamamos de amor... aquele sentimento que sentimos por alguém que poder ser tão forte e tão frágil ao mesmo tempo... Ter amigos porém... os verdadeiros amigos... aqueles que nos sabem apoiar e chamar a atenção... aqueles que tanto dizem palavras de carinho como nos fazem relembrar os velhos raspanetes dos nossos pais... esses vão-nos acompanhando ao longo da vida... Mesmo quando não os vemos eles estão lá para nos apoiar. E quando algo corre bem, se olharmos para trás vamos ver que não estivemos sozinhos... em algum ponto um amigo nos ajudou... um amigo disse algo que não nos deixou desistir...

Por vezes dizem que mudamos... que não somos mais os mesmos... mas todos mudam. As únicas pessoas que não mudam são aquelas que se sentam no sofá, ligam a TV da vida, e limitam-se a vê-la passar. Sem interagir... sem questionar... simplesmente vêm-na passar...

Os amigos nem sempre se aturam... nem sempre estão de acordo... nem sempre estão para falar... por vezes chateiam-se... mas apesar de tudo, a amizade persiste...
Podemos amar imensamente alguém, mas esse amor nem sempre durará... a amizade, por outro lado, ficará sempre presente...

PS: A foto, não tem qualquer alteração... calhou mesmo assim... os unicos a quem posso agradecer, são aqueles quatro e todos os outros presentes naquele belo dia : )

2006-06-10

Descanso...

Finalmente algum descanso... Um descanso do descanso! Dois dias longe da capital do norte, dois dias perto do mar, num sitio extremamente calmo... sem computador, sem televisão, sem sofá...
Algo diferente para quebrar a rotina diária. E melhor que repousar, é repousar depois de se ter conseguido algo.
Descanso eu, descansa a familia, descansa este velho "amigo" que dia após dia mantem-se ligado para conversar, trabalhar, proporcionar diversão e tudo mais que lhe seja pedido... por vezes, ganha vida e dá-me algumas dores de cabeça, mas o que seria da vida sem o desafio de solucionar os problemas?

Repouso, aqui vou eu...

2006-06-05

Há dias...

“Há dias em que tudo o que vejo me parece pleno de significados: mensagens que me seria difícil comunicar a outros, definir, traduzir por palavras, mas que precisamente por isso se me apresentam como decisivas. São anúncios ou presságios que me dizem respeito a mim mesmo e ao mundo ao mesmo tempo: e de mim, não os acontecimentos exteriores da existência nas o que acontece cá dentro, no fundo; e do mundo não um facto singular qualquer mas o modo de ser geral de tudo. Compreendem pois a minha dificuldade em falar disto, a não ser por alusões."
Se numa Noite de Inverno Um Viajante - Italo Calvino

E o pior de tudo, é que é nesses dias em que fico sem saber o que pensar, sem saber o que sinto... vejo-me no centro da contradição: se por um lado sinto algo, por outro sinto exactamente o oposto. Acabo-me por iludir com a esperança de um dia começar tudo de novo, em algum sítio, longe de todos e qualquer coisa que conheça...
A ilusão, prende-se com um simples facto: não posso afastar-me de mim.

2006-05-14

... a nossa caravela

No meio do mar imenso navegamos,
Percorrendo as ondas da nossa vida.
Com força, coragem, nos consagramos,
Assim é, a nossa caravela dirigida...

Pela penumbra da noite, pelo sol do dia,
Pelos mares tempestuosos, pelas águas da alegria,
Com rumo, sem rumo, definido à partida,
Assim vai, a nossa caravela dirigida...

E no auge, todos nós procuramos,
Ao longe na terra prometida...
O Bom Porto, para sempre atracarmos,
O que nos vai complementar a vida!

E assim, de alma completa,
Ancorada na paixão sentida,
Grandiosa, a viagem do poeta,
Assim foi, a sua caravela dirigida...

Penso... algum dia deixarei de navegar?

2006-05-04

...momentos...

Como sempre, almocei, fui ao café, li o jornal. Um pouco de rotina nesta vida sempre em mudança. Não que a vida seja agitada, mas cada momento que vivemos é único... não se volta a repetir. A rotina... apesar de ir sempre ao mesmo café, de ver sempre as mesmas pessoas, de ler sempre o mesmo jornal, de me sentar sempre no mesmo sítio, nunca é igual. As notícias, apesar de semelhantes, vão mudando... as pessoas vão-se vestindo de maneira diferente... algo muda sempre.

Ao folhear o jornal, uma crónica chamou-me a atenção. Falava precisamente dos momentos únicos que acontecem na nossa vida e de muitas vezes não nos apercebermos deles. Hoje aconteceu um daqueles momentos engraçados que só acontecem uma vez na história. Ainda no início deste dia, se víssemos as horas e a data com 2 dígitos cada, no momento certo, iríamos ver algo assim: 01h02m03s – 04/05/06.
Foi menor que um suspiro, quase tão rápido quanto um piscar de olhos... esfumou-se para sempre no tempo mas existiu. E durante a sua curta existência foi um momento engraçado... um conjunto de números que se organizaram como nunca se haviam organizado... como nunca mais se hão-de organizar...

Passou. Teve importância? Não. Apenas uma curiosidade engraçada mas que me deixou a pensar... Penso naquele sorriso que vi uma vez... naquela pequena troca de olhares que aconteceu... nos risos de amigos enquanto oferecia dois xupa-xupas... na meia dúzia de palavras que me disseram no meio da queima... no olhar fixo e ternurento de um bebé... Momentos que se esvaneceram, cuja duração foi ínfima mas ao mesmo tempo, momentos que ficaram. Momentos que me fizeram sorrir...

Muitas vezes a vida não corre como queremos. Tudo corre mal e por mais que a tentemos mudar não conseguimos, mas são estes momentos... estes pequenos momentos que nos distraem dos problemas... que nos alegram... que nos fazem soltar um sorriso...
Uma vez disseram-me que a felicidade não era contínua, mas feita de pequenos pedaços do dia a dia.

Olho para trás... Afinal, sou feliz.

2006-04-11

Uma imagem, dois lados...


Já vai algum tempo desde que este pequeno Blog, perdido algures num servidor distante que alguém conhece ou jamais viu, começou... Apenas tinha duas coisas em mente: escrever só quando tivesse algo para escrever, e não mostrar imagens...
Porque se escrevesse algo, teria que procurar uma imagem que demonstrasse pelo menos parte do que escrevi... se encontrasse primeiro uma imagem, teria que procurar um texto que descrevesse os sentimentos por ela transmitidos... preferia separar os dois mundos, mas a tentação de os unir não se detém tão facilmente...

Olho para a foto. Podia dizer que foi retirada de uma revista e quase todos se acreditariam. Podia associá-la a algum fotógrafo conhecido e ainda assim grande parte iria aceitar tal engano como verdadeiro. Podia estar nas páginas de um livro de poemas sobre a vida, sobre o mar, sobre inúmeros sentimentos... Podia estar num livro de reflexões de algum filosofo... Podia pôr-nos a pensar sobre o que queremos que sustenha a nossa vida: algo que se aparenta seguro mas se desfaz como cordas velhas, ou algo firme e que apesar de desgastado ainda nos continua a suster tal como duas barras de ferro...

Compreendem agora o porquê de não querer juntar imagens com pensamentos? A ideia perde-se, modifica-se, torna-se algo que não foi o pensado ou reflectido... Ambas as partes tendem a influenciarem-se uma à outra e são levadas no momento, pelo momento...
E no entanto, esta imagem está aqui... Não por poder ter uma infinidade de significados mas, por um lado, por reflectir o meu fascínio pelo sol à beira mar e pela fotografia, que embora me permita captar um momento que todos vêm, tento usa-la para captar algo que imagino ou tento imaginar como resultado...
Por outro lado, esta foto é o resultado de um dia bem passado... um bom passeio pela praia na companhia de amigos, com o único senão de não o ter podido partilhar com uma pessoa...

No entanto, o mar continuará a mover-se, o sol continuará a nascer e a pôr-se, a velhinha Nikon continuará a tirar fotografias e eu lá estarei para as aproveitar, para as partilhar...

2006-03-27

Regresso...



Depois de algum tempo regressei a este lugar...
Regressei como quem regressa a casa, desprovida de alguém durante dias e dias. Olho em volta... Observo o pó acumulado nos móveis, as marcas de quem tentou espreitar pela janela na tentativa de ver algo, as cadeiras imóveis, os livros no mesmo lugar...

Tudo parece na mesma, mas uma coisa mudou - O tempo. Não o tempo do sol, da chuva, do frio e do calor mas o tempo do espaço, da vida, do sentir, do amar e do sofrer.
Volto a olhar. Observo o relógio, parado. Por momentos desejo que o tempo tenha ficado preso como um momento numa fotografia mas o manto cinza que cobre toda a casa diz-me o contrário. É algo novo que não estava quando saí... Tão novo, tão velho, eu conheço-o bem... Outros tantos cobriram momentos, partes da minha vida que não deveriam de ter ficado paradas no tempo.

Abro a janela. Uma brisa suave irrompe pela sala a dentro levando o pó consigo. Vejo cor no que outrora era cinzento... Vejo o sol onde antes estavam nuvens...
Não vou deixar que este manto desça outra vez sobre mim.

2006-02-10

“Tou sempre bem”

E é com esta frase que respondo sempre que perguntam como estou... mas apesar do seu sentido, a cada dia que passa vai perdendo o brilho. O brilho que outrora correspondia ao sentimento perde-se na imensidão do presente...

A verdade é que vou vivendo numa contradição. Estou cansado sem fazer nada. Estou triste apesar de quase tudo correr bem. Não sinto vontade de escrever e no entanto, as palavras vão surgindo... mas devagar.

A minha mente tem vagueado pelo passado. A cada objecto, a cada imagem, a cada olhar um turbilhão de recordações assombram o pensamento. “Arrependo-me” – A palavra que mais surge no meio de tudo. Comecei a tocar piano aos 6 anos, mas acabei por desistir. Desisti porque não tinha tempo. O mesmo tempo que desperdiçamos ao fazer coisas inúteis... o mesmo tempo que deitamos fora a fazer nada. Hoje arrependo-me, tal como arrependo-me de tantas outras coisas que se pudesse voltar atrás alterava! Não posso, e muito provavelmente não faria nada.

Estou a perder parte da minha vida, parte da minha história... mas por mais que tente mentalizar-me que a vida continua, quero voltar atrás... quero viver momentos que não sejam apenas memórias como outros que o são agora. Acho que isso tem-me despertado para o que deixei para trás, para tudo o que não fiz com a desculpa de não ter tempo. Tenho todo o tempo do mundo...


Ainda posso estar contigo, mas já sinto a tua falta...

2006-01-21

A vida é cheia de escolhas…

...escolhas boas ou más, perseguem-nos pela vida fora influenciando as nossas decisões, abrindo novos horizontes, fechando velhas portas. Uma escolha, um conjunto de factores que analisamos emocionalmente, mentindo a nós próprios dizendo que estamos a tomar a atitude certa, ou iludindo-nos na fantasia de estarmos a ser lógicos e racionais.

As escolhas que tomamos afectam os outros, por vezes mais do que pensamos, mas apesar de existirem variados níveis de ponderação, a dificuldade de escolhermos prende-se com um simples facto: irá ou não afectar a minha vida?
Quando realmente afecta, a nossa mente transforma-se num emaranhado de pensamentos, emoções e ideias que desafiam a lógica… um novelo de lã em que tentamos encontrar o centro sem o desenrolar… quando por vezes tudo não passa de uma balança pendente para um sim ou para um não. Apenas temos que escolher. Depois de escolhermos, há que tomar uma decisão. Ou seguimos a nossa escolha, ou não seguimos, e encontramo-nos outra vez perante outra escolha… uma sala com duas portas em que temos de escolher pela qual sair. Duas austeras portas… por mais que espreitemos pela fechadura só podemos especular sobre o que está do outro lado e isso, é a nossa incapacidade de tomarmos as escolhas correctas.

Olho para trás. Penso, reflicto, navego pela memória do passado... fiz escolhas correctas, mas infelizmente, no tempo errado. Podem dizer que este pensamento é uma ilusão, mas perante este mundo pergunto-me, se as escolhas que fizemos, também não se basearam em ilusões…

Escolhi bem, mas tarde demais… iludo-me? não sei…

2006-01-10

Há dias bons e há dias maus...

...há dias em que não queremos sair da cama e há dias em que não queremos ficar nela. Há dias que correm bem e outros que correm mal. É um equilíbrio natural que se mantém durante toda a vida. Mas também há dias em que estamos na cama e não deveríamos de estar e quando deveríamos, não estamos. Dias em que tudo corre ao contrário... tudo nos incomoda mas, verdadeiramente, nada nos afecta. Implicamos com as coisas simples sem consciência, que do outro lado, está alguém que magoamos.

Discutimos, ama-mos, sofremos, procuramos... motivados por razões sem razão, lançamo-nos na busca de algo que nem nós próprios sabemos, nem nós próprios sentimos. Tudo isto num dia ao contrário de todos os outros. Num dia sem sentido aparente para a vida. Um dia, que por ser diferente, perdemos o controlo.
Mas até um saco do avesso é nos útil e sendo assim, um dia diferente, em que tudo parece correr mal, tudo parece bater certo no fim. Alguém que nos apoia, que nos ajuda quando mais precisamos.
Mas a consciência continua pesada, presa ao passado como uma lagrima presa por quem não a quer deixar sair. Pior que errar é ter consciência de que magoamos alguém... por isso e por outros momentos do passado peço o meu perdão...

Afinal, a vida é como correr ao lado de relva verde com o som do mar e o por do sol... queixamo-nos que já não temos forças para continuar, mas vemos a beleza, agarramo-nos aos pensamentos, encontramos força para dar mais uns passos a um ritmo cada vez maior. Cansamo-nos, é inevitável... o que nos distingue, é que enquanto alguns desistem da corrida, outros procuram no fundo da alma algo que os faça continuar a correr...

Hoje corri. Quando me senti ofegante, pensei em ti... continuei a correr...

2006-01-03

...com três pontinhos se começa, com três pontinhos se acaba...

...e assim começa mais um Blog na net.

Desprovido de ideias e ideais. Sem divulgação ou publicidade. Sem nada por onde se pegar, sem ninguém para o ler. Apenas palavras que no final não resultam em mais do que centenas de bits e bytes que vagueiam pelo espaço, perdidos num servidor distante que ninguém conhece ou jamais viu.
Palavras... sozinhas nada significam. São apenas pequenos símbolos impressos num teclado pressionado freneticamente por quem deseja escrever depressa. Sem qualquer sentido a não ser o que nós lhes damos. Pois uma palavra sozinha no universo nada significa. Nem mesmo as que estão carregadas de imenso poder e sentimentalismo. Sozinhas, não passam de pequenos e ínfimos rabiscos, e no entanto podem criar mundos e destruir nações. Podem criar laços ou destruir o amor. Podem criar muros ou ultrapassar fronteiras.
As palavras, por si só, nada fazem, tal como a nossa vida, sozinhos, nada significa. Tal como este blog... desprovido de ideias e ideais, perdido num mundo de uns e zeros.

Com três pontinhos começamos, com três pontinhos acabamos... a nossa existência, não passa de uma palavra num imenso texto...