2013-04-10

Uma não viagem

A ideia não era esta. Não era escrever aqui, no Porto, sobre uma volta a terras malditas mas precisamente o inverso.

Ainda que por alguns dias, ainda que em trabalho, vieram-me as lembranças daqueles tempos de fim de semana e de como custava estar longe. Mas (e) no meio disso, algumas saudades... sim, saudades. De um local que já considerava meu.  Um espaço que já conhecia bem e ainda assim surpreendia-me... Uma terra que adorava odiar.

Queria falar daqueles tempos, daquela sensação que ambos conhecíamos, e de como nos habituamos rapidamente aquilo que temos, esquecendo (ou não querendo lembrar) em parte o caminho que tivemos de percorrer...

Queria falar de muitas coisas... mas fiquei pelo Porto.

2012-10-24

De volta à origem

Por diversas vezes imaginei um começo para este texto. Algo como um regresso às origens, um retorno, um deixar para trás daquelas terras malditas, as expectativas do que perderia e aquilo que realmente perdi.
Não foi a primeira vez que mudei. Há uns anos também larguei aquilo que tinha. Não vou dizer que fui à procura de algo, da independência, de um sonho, de um projecto. Fui porque tive de ir. Contrariado, para uma cidade, maldita, tal como a apelidava... tal como ainda a apelido.

Sim, por diversas vezes imaginei o início deste texto. E mesmo querendo contar uma série de coisas, mesmo querendo enumerar as dificuldades, as vitórias, as histórias tal como as ia organizando no pensamento, mesmo querendo, perdeu a importância...

Fui para baixo com uma mala. Uma pequena mala verde, como quem vai passar férias longínquas. Fiquei com os meus tios nos primeiros tempos. Mudei-me novamente, desta vez para um quarto. Já não era só uma mala, e ainda assim, foi simples. Três meses passaram e voltei a mudar. Desta vez, a pequena mala passou a ser só uma mala. Ao fim de quatro anos, voltei ao ponto de partida. A mala transformou-se, ganhou forma, e com muita imaginação (justificando finalmente as inúmeras horas de Tetris, jogadas aquando miúdo), trouxe um T0 na parte de trás de um pequeno Fiat Bravo. Não foi uma mudança simples; atribulada em alguns sentidos; e o regresso continuou numa correria, ainda que pouco tempo depois tivesse finalmente férias num local calmo.
Durante muito tempo pensei naquilo que tinha deixado para trás. Naquilo que tinha perdido, no retrocesso, na falta de expectativas. Deixei-me arrastar num turbilhão de pensamentos, de sentimentos, num despertar para as coisas que sabia que ia largar mas que ainda não as tinha sentido. E no meio disto tudo, perdi a perspectiva. Não se trata do que ficou para trás, não se trata do futuro e das incertezas que este acarreta, mas sim destes quarto anos.

Fui para Lisboa em de Junho de 2008. Em Agosto deste ano de 2012, voltei a casa. É irónico, sendo eu engenheiro informático, estando habituado a procurar bugs, a fazer questões de como, quando, porquê, não ter percebido que o problema não está no que ficou para trás...

Quatro anos, não cabem dentro de uma mala.